Dos dados da última pesquisa do IPEC, divulgada pelo jornal “O Globo” neste 21/04, ao menos dois itens se destacam, dando o que falar por conta da incongruência com a realidade. Inflação e segurança pública obtiveram os maiores índices de reprovação do governo Lula, o que para muitos parece natural neste segundo ano do governo, mas não é por acaso.
O problema é que reprovação para o governo Lula não é novidade, tendo em vista os equívocos praticados pelo governo, seja por incompetência na sua comunicação, seja por medidas tomadas por terceiros (gente do governo interessados já na sucessão do próprio Lula), as quais impactam a realidade com certa profundidade.
Um dos erros que pode se chamar de crasso, foi a indicação de Flávio Dino para o STF justamente neste momento da história política do Brasil e da era Lula. Dino era, efetivamente, a única defesa do governo nas linhas de frente do debate diário com a oposição, sobretudo o embate na mídia e no Congresso. Ai uma decisão sem pé nem cabeça manda Dino para o STF, decretando a sua morte política, para produzir um desfalque inconsertável no governo. O resultado da ida de Dino para o STF é zero.
Outra situação é a questão econômica, muito mal conduzida em termos de comunicação social, a despeito dos números indicarem controle da inflação, com índices em baixa. Ou os números do governo e do Banco Central em relação à economia são mentirosos, ou tem alguém passando a perna no governo ao divulgar os dados. Ou em última análise, os institutos estão entrevistando prioritariamente os bolsonaristas, o que seria incomum.
A última observação que temos de fazer obrigatoriamente é a questão da segurança pública, na qual o governo também leva pau, segundo a última pesquisa IPEC.
O problema é que o Brasil não possui uma política de segurança pública coordenada, editada, controlada e trabalhada em favor da sociedade. O que há é uma cultura policial fazendo a vez do governo central, o que dá margem ao surgimento de heróis da segurança pública, seja na polícia ou nos governos, a exemplo do secretário de Segurança Pública de São Paulo, o deputado Derrite, que, com o poder de polícia e um mandato no Congresso, acaba de alterar uma situação centenária do processo de execução penal, pura e simplesmente porque um detento beneficiado com a chamada “saidinha” matou um policial.
Ora, senhores. Todos os dias saem detentos, seja por fuga ou por “saidinha” e matam pessoas comuns. O natural é que isto não ocorra, mas, infelizmente ainda ocorre.
Igual a Derrite, o Brasil em suas Câmara de vereadores, prefeituras, assembleias legislativas e Congresso Nacional está repleto de heróis. É gente que se elege porque defende a matança indiscriminada de pessoas. A esses estão entregues os destinos dos brasileiros. A bandeira de segurança deles é “bandido tem que morrer” e “bandido bom é bandido morto”. Quanto mais discursos fazem nas tribunas, mais crescem politicamente, porque o destinatário das mensagens desses detentores de mandatos é gente ignorante, desinformada e analfabeta. Eles atuam como se todos os brasileiros fossem bandidos.
Esperava-se que o governo Lula estabelecesse uma política de segurança pública moderna, que respeitasse os cidadãos defendendo-os dos malfeitores e garantindo ao menos o uso de celular em público. Infelizmente a segurança pública vai continuar em mãos da polícia como gestora e executora. Esta faz o que quer e dá à suas ações o rótulo de segurança pública perante uma população desinformada, que ignora seu direito a segurança da mesma forma que desconhece o papel de cada entidade e instituição da sociedade neste campo.
Estamos a caminho de uma situação catastrófica. Ou mais catastrófica ainda. Ocorre-nos a impressão de que neste terceiro mandato, Lula não tem a mínima noção do que é segurança pública. Leva-nos a concluir que o Brasil realmente precisa discutir, formular e implementar com urgência a segurança dos seus cidadãos, estabelecendo uma política de segurança pública de estado, até para conter a sanha dos governadores e dos pseudos heróis com mandatos, os quais estão exterminado, ou inspirando o extermínio dos pobres, negros e prostitutas periféricos deste país, sem quaisquer impedimentos.
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